quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Entregues à bicharada (II)

Todas as opções indicadas no post anterior são igualmente legítimas mas apenas uma pode ser implementada, e é por  isso que, ainda antes de haver eleições, se estabeleceram regras determinando a ordenação do processo pós-eleitoral.

Em algumas Constituições, a regra poderá impôr que o partido mais votado seja o único a poder propôr uma solução (quer aliando-se formalmente a algum dos outros num governo ou assegurando a abstenção de um número suficiente de opositores em votações-chave). Noutras Constituições, poderá haver a possibilidade de  passar para o segundo partido mais votado após se verificar a impossibilidade de uma dessas soluções, etc.


Independentemente dos pormenores constitucionais (i.e. quem propõe o governo, quantas votações parlamentares são exigidas até se concluir que o governo anterior continua em gestão por impossibilidade de se formar um novo governo, etc.), parece-me claro que a escolha de uma solução governativa deve passar pela substância dos programas de cada um, não apenas de um "rótulo" supostamente agregador, uma vez que o espaço das opções políticas não é unidimensional (esquerda-direita) mas contém pelo menos quatro eixos:

  • liberdade económica/regulação
  • papel do Estado na redistribuição de bens
  • magnitude da esfera de participação/monopólio do Estado
  • liberdade individual/valores comunitários
Na situação actual (15 de Outubro de 2015) não está provado que o PS se encontre substancialmente mais perto do BE/PCP do que do PSD/CDS se levarmos em conta estes quatro eixos. Suspeito que o contrário se verificará... Não seria bom que algum cientista social ou político elaborasse um questionário simples (uma pergunta por eixo) e o aplicasse aos eleitos e a uma faixa representativa de eleitores?.... De certeza que há estudantes à procura de temas interessantes para teses de mestrado em Ciência Política. Fica a proposta!

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