Em Portugal temos um rácio de alunos/professor muito inferior ao da média da OCDE, mais horas de aulas e piores resultados nas avaliações internacionais. Há quem diga que isto é "uma questão de produtividade dos professores". Eu discordo: depende também do grau de autoridade destes, da
disciplina/indisciplina dos alunos, do grau de homogeneidade intelectual
da turma e da cultura de estudo dos alunos. Muito depende, é certo, dos
professores, mas parece-me que quando se fala nos factores externos a
maioria das pessoas pensa apenas no nível socio-económico dos pais,
omitindo a grande variância da importãncia do conhecimento nas famílias,
mesmo entre pais de nível socio-económico elevado.O número de pais que
se preocupa com as notas dos filhos é bastante superior ao dos pais que
valorizam a efectiva aquisição de saberes, o que se reflecte no estímulo
a "técnicas de estudo" assentes em marranço e pouca profundidade de
compreensão.
Há (infelizmente) professores pouco produtivos e até
incompetentes. Acho incompreensível que as Escolas Superiores de
Educação que formam professores para dar aulas do 1º ao 9º ano aceitem
alunos com notas absolutamente medíocres, e que (pelo menos até há meia dúzia de anos) foquem >50%
das aulas em "Psicologia de Desenvolvimento de Adolescentes I-IX",
"Pedagogia I-XVII" e uma quantidade residual de tempo em conteúdos
científicos. Mas a questão da produtividade dos professores é também
produto da estúpida cultura de "estudar para a nota". Esta cultura não
tem nada a ver com a presença/ausência de exames nacionais, mas com o
baixo valor que a maior parte das pessoas dá ao conhecimento e ao
excessivo valor que dão à possibilidade de dizerem "o meu filho está no
quadro de mérito porque tem sempre notas altas".
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