quinta-feira, 12 de maio de 2016

O nosso ensino, os pais que só ligam à nota e a praga das ESEs

Em Portugal temos um rácio de alunos/professor muito inferior ao da média da OCDE, mais horas de aulas e piores resultados nas avaliações internacionais. Há quem diga que isto é "uma questão de produtividade dos professores". Eu discordo:  depende também do grau de autoridade destes, da disciplina/indisciplina dos alunos, do grau de homogeneidade intelectual da turma e da cultura de estudo dos alunos. Muito depende, é certo, dos professores, mas parece-me que quando se fala nos factores externos a maioria das pessoas pensa apenas no nível socio-económico dos pais, omitindo a grande variância da importãncia do conhecimento nas famílias, mesmo entre pais de nível socio-económico elevado.O número de pais que se preocupa com as notas dos filhos é bastante superior ao dos pais que valorizam a efectiva aquisição de saberes, o que se reflecte no estímulo a "técnicas de estudo" assentes em marranço e pouca profundidade de compreensão.

Há (infelizmente) professores pouco produtivos e até incompetentes. Acho incompreensível que as Escolas Superiores de Educação que formam professores para dar aulas do 1º ao 9º ano aceitem alunos com notas absolutamente medíocres, e que (pelo menos até há meia dúzia de anos)  foquem >50% das aulas em "Psicologia de Desenvolvimento de Adolescentes I-IX", "Pedagogia I-XVII" e uma quantidade residual de tempo em conteúdos científicos.  Mas a questão da produtividade dos professores é também produto da estúpida cultura de "estudar para a nota". Esta cultura não tem nada a ver com a presença/ausência de exames nacionais, mas com o baixo valor que a maior parte das pessoas dá ao conhecimento e ao excessivo valor que dão à possibilidade de dizerem "o meu filho está no quadro de mérito porque tem sempre notas altas".

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